segunda-feira, 20 de junho de 2016

Projeto brasileiro inicia mapa genético da zika e já detecta mutações.



Pesquisadores brasileiros e ingleses concluíram nesta quinta-feira (16) a coleta de 1.200 amostras de sangue de pacientes de seis Estados para um estudo inédito do genoma do vírus da zika. O projeto-piloto vai realizar agora um mapeamento genético completo do vírus, que deve ter resultados até o final de julho.

Com a análise do sangue coletado será possível saber a origem, entender as mutações ocorridas desde sua chegada e determinar, por exemplo, relações entre o vírus que circula no Brasil e os problemas neurológicos detectados, como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré.


Por quinze dias (entre os dias 2 e 16 de junho), o laboratório móvel de análise genômica visitou cinco Estados do Nordeste: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia. Além disso, também recebeu coletas de sangue do Mato Grosso.


Segundo o pesquisador da Fiocruz e um dos coordenadores do projeto, Luiz Alcântara, o vírus foi detectado em 12% das 1.200 amostras coletadas, que vieram, na maioria dos casos, de laboratórios estaduais e foram colhidas de pacientes que tiveram exame clínico conclusivo de doença com exantemas (manchas vermelhas no corpo) e suspeita de zika.


"Essas coletas foram feitas em pacientes apenas pelo perfil clínico, sem diagnóstico molecular. Os laboratórios centrais dos Estados ainda não têm como fazer esse diagnóstico molecular. Eles colhem o sangue e enviam para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, que não consegue atender a demanda", disse.


O projeto Zibra (Zika in Brasil Real Time Analysis, ou análises em tempo real do vírus da zika no Brasil, em tradução livre) é uma parceria entre Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Bahia, Instituto Evandro Chagas, Ministério da Saúde e duas universidades do Reino Unido. Pesquisadores australianos e dos Estados Unidos também colaboram.


As primeiras conclusões foram apresentadas na sexta-feira (17) a especialistas durante simpósio internacional em Salvador, mas o pesquisador da Fiocruz já adiantou que o vírus que circula no Brasil agrupa-se com os identificados na Ásia, embora forme um grupo diferente.


"Agora estamos estudando a genética viral para entender a dispersão do vírus e saber se tem alguma alteração dessa sequência que explique a microcefalia e outras sequelas neurológicas".
Vírus mutante


O professor de doenças infecciosas da Universidade de Oxford Nuno Faria, que também coordena a pesquisa, ressalta que o volume do material compilado também deve ajudar a conhecer melhor o vírus, conhecido por suas rápidas e constantes mudanças genéticas.


"Se tivermos amostras de pacientes infectados no mesmo dia, num mesmo lugar, podemos ter um vírus igual. Mas se foram colhidas com um mês de diferença ou em outro local é mais garantido que vamos encontrar mutações em relação ao vírus", explicou.


Segundo Faria, as mudanças nem sempre significam um vírus mais perigoso, mas demonstram uma capacidade comum aos vírus de se adaptar a novos ambientes. "Muitas dessas mudanças são deletérias, ou seja, como não vão servir para o vírus e serão eliminadas. Em questão de tempo, só ficarão as vantajosas. Ainda não sabemos exatamente como são essas mutações", disse.
Difundir testes rápidos


Os pesquisadores usam o minION, um aparelho criado por uma empresa da universidade inglesa de Oxford, que faz o diagnóstico e sequenciamento do vírus da zika. Um dos objetivos do projeto é difundir o aparelho em larga escala e treinar pessoas para usá-lo permitindo que os laboratórios estaduais façam testes rápidos de zika.


"É um aparelho barato, que custa US$ 1.000. Vamos mostrar a importância dele aos laboratórios e ao Ministério para que seja comprado", disse Alcântara.


Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/06/17/projeto-brasileiro-inicia-mapa-genetico-da-zika-e-ja-detecta-mutacoes.htm

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Morte por superbactérias é agravado por uso indiscriminado de antibióticos

Mais de 10 milhões de pessoas devem morrer infectadas até 2050. Uso inapropriado de antibióticos alimenta a ineficácia dos remédios.




Um estudo britânico fez um alerta preocupante: mais de 10 milhões de pessoas devem morrer anualmente infectadas por superbactérias até 2050. O problema é agravado pelo uso inapropriado de antibióticos.
O estudo cobra coragem para investir de novo. Extrair veneno é parte da pesquisa de novos antibióticos. O relatória britânico diz que desde os anos 80, "as poucas atividades são apenas variações do que já existia". Nesse contexto, a meta sugerida parece audaciosa: 15 novos antibióticos nos próximos 10 anos." Esse remédios seriam reservados para casos extremos.
Quando alguém para com o antibiótico só porque voltou a se sentir bem, não significa vitória sobre a infecção. Algumas bactérias podem ter sobrevivido. Ai é uma questão de minutos até se multiplicarem de novo e a nova infecção é resistente ao remédio.
Já há bactérias que se defendem da poderosa colistina. Esse antibiótico conhecido como um último recurso agora aparece à venda na internet. Sem prescrição, sem perguntas.
Muita gente acha que o antibiótico elimina viroses. Mas na verdade nem serve contra vírus - só mata bactérias. O estudo diz que mesmo entre os médicos há quem confunda os sintomas e as pessoas tomam antibióticos à toa, como se fossem balas. Esse péssimo hábito alimenta a ineficácia dos remédios.
O coordenador do relatória cobra ações para a medicina não voltar à idade das trevas. Pede que todos saiam da zona de conforto. Jim O'Neill propõe reduzir o uso de antibióticos na agricultura, melhorar o acesso a aguá potável, saneamento e hospitais mais limpos, para prevenir infecções.
Mas é preciso remediar também. O relatório defende um fundo global de US$ 2 bilhões para pesquisa em estágio inicial e de US$ 1 bilhão para quem inventar cada novo antibiótico. Um incentivo para voltarem a encarar o problema.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2016/05/morte-por-superbacterias-e-agravado-por-uso-indiscriminado-de-antibioticos.html